terça-feira, 3 de agosto de 2010

Os rumos do artesanato

O artesão ganha cada vez mais espaço no Brasil e também consumidores mais exigentes

O artesanato começou pelos primitivos, lá eles já poliam materiais rústicos para fazer lanças ou espadas, teciam suas roupas com fibras de animais e plantas. Mas essa arte produzida nesse tempo, era somente para utilidade em geral.

Os índios sempre foram e até hoje são grandes artesãos, não há como falar de decoração e artesanato e não citar a cultura indígena. Pois eles mesmos fabricam seus colares, brincos, chinelos, tangas, cocares, seus pigmentos naturais, cestas e outros utensílios. Até mesmo seus instrumentos musicais os indígenas faziam, como tambores e chocalhos, utilizando chifres cabaças de cocos, couro de animais e palhas.

A cerâmica é uma matéria-prima muito encontrada no Brasil, pela facilidade da extração do material, o barro. Na região do nordeste são feitos personagens que lembram as características das pessoas que moram por lá, como vendedores, cangaceiros e músicos.

A madeira é outro material muito utilizado para fabricação de bonecos, instrumentos musicais, armas, móveis e outros utensílios, como a própria carroça e o pilão para moer sementes.

E, é também na região nordeste que encontramos o artesanato em renda, feito pelas rendeiras. No qual elas tecem toalhas, roupas e enfeites.

Os índios deixaram uma grande herança de técnicas artesanais, eles ensinaram a trançar cestas, esteiras, balaios, chapéus e peneiras.

Com o passar dos anos, os artesãos foram utilizando novos elementos para a construção de suas obras, como plásticos, papelão e papel mache, na qual se reutiliza papel reciclado, para realização de trabalhos. Existe também a arte de marcheteria, em que o artista Embuti materiais sob o piso ou teto ornamentando superfícies planas, usando metais, madeiras e outros.

O artesanato brasileiro traz artes antigas de outros países como a cultura chinesa, trabalhando com o origami, que é dobradura de papéis sem usar a tesoura. Diferente do kirigami no qual se corta o papel.

Nas bijuterias são usadas pedrarias, metais, retalhos de pano, penas, espinhas de peixes, coco, sementes e até ou a imaginação deixar.

No mundo do artesanato encontramos materiais infinitos para trabalhar como velas, sabonetes, biscuits e a reciclagem. No qual numa cidade grande é muito importante trabalhar com elementos reutilizados, poupando o meio ambiente.

A artesã Luciana Areias, diz sua inspiração vem além de pesquisas pela internet, visitas a ateliers, lojas de tecidos, mas também em tempos passados, como a década de 70. Segundo Luciana esses anos trazem vestidos de poás, saias rodadas, toalhinhas de crochê além das louças pintadas.

A artesã Luciana Areias, acrescenta: “O artesanato tomou outros rumos, como por exemplo, de terapia ocupacional. Onde muitas pessoas com problemas sentimentais acharam no artesanato a saída para lidar com as fraquezas, presentear e até aumentar a renda familiar.”

Outros caminhos foram dados para o artesanato, ganhando espaço para a preservação do meio ambiente, no qual os artesãos buscam cada vez mais soluções para amenizar os danos causados pelo próprio homem, que não cuida da natureza nem de onde vive. Luciana acrescenta que muitas empresas dão valor a essa arte, trocando brindes comerciais por peças artesanais.

O artesanato no Brasil ganha cada vez mais espaço, minha inspiração não vem de tempos antigos e sim de materiais atuais. Devido à grande variedade, o consumidor está mais exigente, buscando peças sofisticadas e com acabamento melhor”, conta a artesã Priscilla Moreira.

Conhecendo a cultura miscigenada brasileira, pode-se entender o porquê do artesanato ter tanta identidade e semelhança com este povo. A variedade de matérias primas faz com que a arte aqui seja diversificada e com a economia oscilante é possível se manter através do artesanato, vendendo peças simples, com material mais acessível e as mais sofisticadas, com elementos de maior valor.



Por Priscila Gomes


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