terça-feira, 3 de agosto de 2010

Quem sou eu? (Escrita em maio de 2010, na procura do primeiro estágio)

Meu nome é Priscila Gomes da Silva, nascida em Suzano (SP), no dia 13 de outubro de 1983, numa quinta-feira. Sou solteira, não tenho filhos. Filha de Cleuza Gomes da Silva, mãe solteira. Aos sete anos de idade fui morar na zona norte de São Paulo, de onde nunca mais saí. Na minha infância, minhas brincadeiras preferidas eram: rádio e entrevistar parentes e amigos com um microfone feito de desodorante, aliás, até as bonecas eu entrevistava.
Eu gostava muito de ouvir rádio e achava que todas as músicas que tocavam, os artistas iam pessoalmente para o estúdio. Achava engraçado também como os apresentadores dos telejornais decoravam tudo aquilo.
Mais crescidinha, já nos trabalhos da 5º e 6º série, eu preferia apresentar os trabalhos em forma de telejornal ou rádio, ninguém mais me aguentava.
Somente aos 23 anos, pude finalmente realizar meu sonho: fazer o curso de jornalismo, no qual nunca tive dúvida.
Minha primeira reportagem já foi no 1º semestre, o tema era livre. Escolhi então, contar a história do supermercado Andorinha, localizado na zona norte da capital, no bairro da Cachoeirinha. Escolhi essa matéria porque eu fazia um serviço terceirizado para o Banco Bradesco, dentro do mercado. E muitas coisas me chamavam a atenção, uma delas, foi o número de deficientes que trabalham lá, de 70 funcionários são por volta de 30. E, além disso, todos os dias ao 12h e às 18h da tarde, há mais de 35 anos são tocadas as músicas Ave Maria ou Nossa Senhora de Roberto Carlos.
Foi um sucesso, deu três laudas e os donos adoraram. Tirei nota 9.0, pois a professora achou que eu estava fazendo comercial do supermercado Andorinha.
Desde então comecei a fazer matérias ressaltando a inclusão social ou ONGs. Depois fiz sobre a ONG AMEO que faz palestras de como ser um doador de medula óssea. Até me cadastrei para ser uma doadora. Conheci pessoas que doaram sua medula para salvar a vida de outra pessoa que nem conhecia. Conversei também com pessoas que foram salvas por outras que da mesma forma nunca tinha visto.
Ao visitar o Hospital do Câncer, localizado na Mooca, minha percepção sobre a vida mudou completamente. Pessoas que dão imenso valor para qualquer gesto, sinal ou estímulo. A vida para elas é extremamente importante e deve ser vivida intensamente.
Outras reportagens me chamaram muita atenção como inclusão digital para deficientes visuais e inclusão nas faculdades. São os temas que eu me emociono muito.
Hoje já no 5º semestre já não posso escolher as matérias que gosto de fazer, e isso é um desafio. Aprendo muito com reportagens que nunca imaginei em escrever. Acaba sendo um aprendizado a cada dia. Na faculdade superei alguns limites que eu temia, achava que nunca iria conseguir, por exemplo, diagramar uma folha de jornal. Depois que terminei, vi que tinha vencido mais um desafio em minha vida, mais um obstáculo eu tinha superado.
Superar obstáculos e sair da rotina é o que mais tinha medo, pois meu maior defeito é ser muito ansiosa, corro muito atrás das coisas, sempre com medo de uma não dar certo. Meu professor de radiojornalismo Paulo Rodolfo, diz que eu sou uma pessimista que sempre dá certo, pois algo dê errado eu me previno com outra.
Eu acho que minha maior qualidade, vem junto com meu maior defeito, pois a ansiedade faz com que, eu sempre fique com os pés no chão. Prefiro ser assim mesmo, nunca me fez mal, mas quem anda ao meu redor sofre um pouco.
Amigas de classe acham que qualquer dia eu vou ter um infarto ou elas vão ter um, pois sou muito exigente comigo e com quem é do meu grupo. Mas não sofro tanto assim, pois tenho muito bom humor para lidar com as situações, mesmo em horas de estresse.
Agora busco meu primeiro estágio, penso que está na hora de colocar em prática tudo aquilo que gosto de fazer e aprender a lidar com assuntos ou ferramentas que ainda não aprendi. Não busco uma área específica, seja qual for vou estar muito feliz. Estou aberta a novos caminhos.
Na faculdade aprendi a superar minhas dificuldades, ciente que quando uma pessoa se esforça, ela cria um clima favorável e a partir daí as coisas dão certo. Nunca me decepcionei comigo mesma, pois sempre lutei muito por tudo aquilo que desejei. Nas matérias e em meus trabalhos viro noites sem dormir, dando o meu melhor. Se a nota não foi a mais alta, é que preciso atualizar meus conhecimentos, mas dedicação nunca faltou.

Diploma em pauta

Membros de sindicatos se reúnem para defesa e lançam Fórum


No dia 17 de junho de 2009, o presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), Gilmar Mendes
decidiu pelo fim da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista. Mendes ainda comparou as profissões de jornalista e de cozinheiro, dizendo: “um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por um profissional registrado mediante diploma de curso superior na área.” Ainda acrescentou que quando veiculada uma notícia não verdadeira, ela não será evitada por um profissional que tenha diploma. Suas palavras causaram
inúmeras discussões em sites, blogs, debates em TV e faculdades.
A discussão de anos veio à tona, muitos
não acreditavam que um dia pudessem
ouvir a seguinte notícia: “queda de diploma para a profissão de jornalista...” Mas o que fazer quando grandes empresas
das áreas de comunicação, por exemplo,
entram na briga para por um fim na exigência do diploma para a profissão de jornalista? O Sindicato das empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo
(SERTESP) e o Ministério Público Federal
(MPF) entraram com um Recurso Extraordinário (RE 511961), questionando
a exigência do diploma para a profissão,
indo a julgamento.
Um comitê de defesa do jornalista foi criado a partir dessa decisão. Representantes
de sindicatos, entidades e estudantes de jornalismo, se reuniram pela primeira vez em agosto, na Escola de Comunicação
e Arte da USP (ECA), para discutir os direitos
do profissional sem o diploma. Argumentaram
sobre a ética no jornalismo e quais medidas devem ser tomadas para defesa. E o que pode mudar na profissão daquele que tiver o “canudo”.
Celso Russomano entra na briga – O deputado federal do Partido Progressista
(PP) e jornalista, apresentou no Congresso em 2008, um projeto de Lei para a criação dos Conselhos Federal e Regional de Jornalismo
para fiscalizar, orientar e disciplinar
o exercício da profissão. No dia 23 de outubro, foram convidados os 21 parlamentares paulistas
que integram a Frente Nacional pelo Diploma, para uma reunião na API, mas somente Russomano compareceu. Estavam
presentes: presidente da Associação Paulista de Imprensa (API) Costa Carregosa;
jornalista e presidente da Comissão de Estudos da Lei de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo; Sérgio Redo, presidente da Associação
Brasileira da Propriedade Intelectual
do Jornalista Profissional (APIJOR); Fred Ghedini; assessor de imprensa na Câmara Municipal de São Paulo Everaldo
Gouveia e o diretor da API Pedro Nastri.
Encontro como forma de protesto - Ghedini propôs um encontro todo dia 17 de cada mês como protesto, para relembrar
a decisão
do fim do diploma.
Marcando
uma luta nacional a favor do documento e seus direitos, o lançamento de um Fórum que nele estariam tópicos que defenderiam o profissional. Russomano acrescenta irritado com algumas ações: “é incrível como nesse país temos Conselhos para várias profissões, inclusive de corretor de imóveis e não tem para jornalista.”
Russomano acrescentou: “com a criação
de um Conselho
e um Fórum que orientem e defendam a profissão,
a questão do diploma pode ser resolvida facilmente,
na medida em do próprio determinar
quais as prerrogativas para o exercício do jornalismo.
Composição do Fórum - Junto com Ghedini, propôs para a composição do Fórum, um levantamento minuciosamente
de todos os cuidados que um jornalista precisa para se defender, em todas as áreas
e mesmo numa assessoria. A Cláusula
de Consciência, por exemplo, oferece proteção ao jornalista que se recusa a escrever
algo por razões morais e está em um dos projetos para uma nova Lei de Imprensa. Sugere colher relatos de profissionais
recém-formandos ou não, sobre experiências de desrespeito profissional após a queda do diploma.
Ao final o deputado pediu também a quem estava participando daquele encontro,
para que pudesse entrar em contato com os parlamentares seja por e-mail no qual ele deixou disponível com sua assessora,
ou através 0800 619 619, para pressionar
os deputados a votarem a favor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 386/09. Sugeriu um texto sobre “qual a importância do diploma” e que este fosse enviado ao seu e-mail pessoal, comprometendo-se a distribuí-lo entre os colegas parlamentares. A nova determinação
para o exercício da profissão ainda não foi divulgada no Diário Oficial. O lançamento do Fórum será realizado dia 16 de novembro na sede da API.



O diploma X burguesia

No mundo burguês desde sempre, tudo tinha que ser comprovado.
E se nesse mundo o indivíduo
que não era fidalgo, simplesmente
não tinha acesso a nada. Na Idade Média os documentos eram importantes, mas ainda não eram necessários para que fosse reconhecido como pessoas da “elite”. Pois naquela sociedade só de olhar já se sabia de onde vinha ou quem era. Após a Revolução Industrial, veio a Idade Moderna, logo a concorrência e os papéis precisavam ser definidos. Para que tudo ficasse sob controle, foi criado
então não só o diploma, mas a Certidão de Nascimento, Registro Geral (RG), Passaporte, e assim por diante. Assim ficava mais fácil saber quem era aquelas pessoas.
E novamente a “Revolução das Máquinas” e da tecnologia,
entra na história do diploma:
para arrumar emprego as pessoas foram morar nos centros urbanos, sendo assim, muita gente no mesmo espaço.
A busca para provar quem era melhor ficou cada vez mais intensa. Diante disso era preciso
também mostrar tal capacidade
para melhores cargos.
O diploma nessa história toda sempre foi o “reconhecimento” provar para o outro daquilo que se é capaz. A sociedade que tanto
cobra agora simplesmente diz que todo esforço não valeu de nada e mais, ela mesmo decide quando e o que vale a pena. Conteúdo
sempre foi mais importante
do que um documento, mas a discussão é que direitos tem um profissional sem diploma ou sem um Conselho que o defenda?
Sabemos que para ser jornalista
é preciso ter técnicas, mas na realidade nas grandes empresas
de comunicação, como jornais impressos e até televisivos
quem manda ainda são os “fidalgos” aqueles que são filhos de alguém, sabe? Ou hoje em dia chamamos de “monopólio”, tanto
faz sempre foi assim mesmo.

Por Priscila Gomes

Música e cultura a mistura que dá certo


No Centro Cultural da Juventude os jovens têm aulas de música e assitem shows gratuitos



O CCJ do Cachoeirinha existe desde
1996 e lá é referência no apoio pela estrutura do espaço. Nesse Centro existe uma biblioteca, lan house, mais de 50 mesas que servem para estudantes
fazerem seus trabalhos, espaço para exposições de arte, cinema, um anfiteatro
para shows, salões de ensaio de teatro, dança e um estúdio para gravações de novos talentos.
Oferecem também, uma vez ao mês, passeios pelo Estado de São Paulo. No último, a visita foi à cidade de Santos. No próximo os jovens conhecerão o Pico do Jaraguá. Lucas Ferreira 17 anos vai ao centro cultural todos os dias fazer pesquisas na internet, escutar música ou até assistir shows. “Aqui se tornou minha segunda casa, passo a maior parte do meu tempo aqui. Com as apresentações que assisto aprendi a gostar de músicas que nunca pensei que iria gostar” completa o estudante.
Na mesa do lado de fora do CCJ estavam alunos de 8ª série, estudando, enquanto esperavam a aula de música começar. “Nunca meus pais poderiam pagar um curso, aqui faço aulas e ainda assisto à shows,” revela Janaina Oliveira 16 anos.
O CCJ Cachoeirinha foi pioneiro nesse
projeto de inclusão musical. Como na Cidade Tiradentes, lá também existe um responsável pelo estúdio, e os ensaios acontecem todas as terças-feiras a partir
das 15h. Uma vez ao ano acontece a “Mostra Vocacional” onde os alunos de artes, como dança, música e teatro, se apresentam e suas orientadoras Adriana Guidotte, Cris Machado e Patricia Guifford
dão opinião sobre os trabalhos.
Os shows com novos talentos acontecem lá mesmo e cada mês um ritmo diferente. Atrações de fora do CCJ também acontecem mensalmente, como grupo de rap RZO, Benegão entre outros.
No site do CCJ é possível visualizar a programação do mês e ainda ter acesso a alguns vídeos no You Tube, imagens e a parceira com a Web Rádio e TV do Centro Cultural São Paulo.

Por Priscila Gomes

Hip Hop: mais que ritmo e poesia


Rapper leva a música e suas influências desde CCJ’s à Fundação Casa


Gildean Silva mais conhecido como “Panikinho”, é formado em pedagogia, ativista, integrante do grupo de rap Fator Ético e atualmente trabalha como educador social popular. Junto com a Ação Educativa, que é uma organização fundada com a missão de promover os direitos educativos e da juventude,
coordena um projeto que intervenciona
com arte e cultura na Fundação Casa (antiga FEBEM) e dentre as várias modalidades que trabalham, oferecem oficinas de dança de rua, literatura periférica
e grafite. “Quem canta rap já é um jornalista orgânico que transmite mensagens,
socializa dores, amores, desejos e sonhos. E o hip hop é o maior fenômeno do século 20 eu não tenho dúvidas”, diz Panikinho.
Os responsáveis do colégio particular Escola Viva, localizado na zona sul, tinham
um projeto de pesquisa sobre troca de experiências. Por já conhecerem Panikinho,
o convidaram para fazer: levá-los até um CCJ e conhecerem alunos de rede pública e passarem um dia vivenciando problemas do cotidiano.
A troca de experiências - Panikinho, que é morador da Cidade Tiradentes, proporcionou
uma visita ao CCJ no dia 21 de outubro, e deu uma aula sobre a história da música negra, suas influências e transformações
que sofreu durante o século, população negra no mundo e preconceitos.
Os alunos da Escola Viva passaram o dia com estudantes da rede pública, que frequentam o CCJ todos os dias, sendo uma extensão escolar. Lá eles tem aula de cidadania, grafite, português, inglês, teatro, capoeira, DJ e podem usufruir do estúdio de gravação. Quando Panikinho
terminou sua explicação sobre música, um dos alunos da Escola Viva se interessou em cantar um rap, todos o aplaudiram. “O professor desse rapaz me chamou e disse que ele tem um sério problema
com timidez e os colegas viviam zombando dele. Depois que começou a cantar rap, sua rede de amigos aumentou e está vencendo o nervosismo até mesmo na hora de apresentar trabalhos”, diz orgulhoso
Panikinho.
Panikinho e os professores do CCJ garantiram que com essa troca eles aprendem muito. A próxima visita será dos alunos do centro cultural à Escola Viva, o dia não está agendado ainda, mas vai ser em breve.
As mudanças - Quem dá aulas de DJ é Douglas dos Santos e diz sobre o projeto
CCJ “Moro aqui na Cidade Tiradentes
e antes as pessoas falavam que nesse bairro as pessoas só vinham para dormir, ninguém curtia ficar por aqui. Depois desses projetos e com esses shows, a criminalidade
baixou muito.” Cleber Felipe 22 anos, sempre gostou de música, frequenta
o Centro Cultural desde a inauguração.
Antes ele só cantava, depois que começou a fazer aulas de DJ, já toca e faz shows com seu professor. Se apresentam
como DJ Mix e Mc Cobrão todos os finais de semana.
O professor de cidadania Wellington José diz que quando a prefeitura cortou a bolsa de R$60,00 ficou com medo dos alunos desistirem, pois para quem mora na periferia iria fazer muita falta. “Nas minhas aulas faço de tudo pra conscientizá-los de que aquele auxílio era apenas um valor simbólico para a bagagem que irão levar daqui. Sentimos que o número de desistências devido a isso foi quase zero, pois eles precisavam de uma atividade extra”, completa José. “Tem alunos que chegam da escola almoçam aqui mesmo e fazem atividade o dia inteiro”, diz Santos.

Por Priscila Gomes

Música: esperança social



Centros Culturais da Juventude oferecem oportunidade de jovens carentes se tornarem músicos


Quem chega ao bairro Cidade Tiradentes,
zona leste da capital, em frente ao segundo terminal, já escuta o som que é uma mistura de funk com dance, um pouco confuso. O barulho
vem de uma casa azul pintada com grafites e convida a entrar quem passa em frente. Parece uma festa, mas lá dentro o que se vê são jovens, aprendendo a tocar
numa pick-up de DJ. Todos estão em silêncio assistindo a apresentação de um colega. Que ao descer do pequeno palco, indo bem ou não, a plateia aplaude incentivando.
Esse é o Centro Cultural da Juventude conhecido como CCJ.
O CCJ foi inaugurado em abril deste ano, com o objetivo de inicialmente oferecer
atividades relacionadas à aulas extras,
para os jovens de 12 a 18 anos, junto com uma bolsa auxílio de R$ 60,00. João Carllos, músico, produtor e morador do bairro, percebeu que muitos adolescentes tinham bandas, porém faltavam oportunidade
e espaço para ensaiarem. João resolveu ir até a subprefeitura conversar com o secretário Oziel Souza e lançar a pergunta: como podemos ajudar esses adolescentes e fazer com que eles se sintam
importantes para o bairro e para a sociedade,
fazendo música? João e Souza deram a ideia para o setor responsável pela cultura e pediram verba para comprarem
os equipamentos. Foi montado então um pequeno estúdio de gravação para que as bandas da região pudessem ensaiar. João afirma emocionado e contente:
“nosso espaço é simples, mas tem os melhores equipamentos, esses garotos só precisam de uma força, pois incentivo estamos dando”.
Depois da inauguração do espaço, a procura começou a ser maior do que o esperado. O produtor percebeu então que a faixa etária de idade onde era de 12 a 18 anos para usar o estúdio não importava mais. Todos os sábados e domingos durante o dia inteiro os garotos tocam
no CCJ. As bandas da região se inscrevem no próprio centro, ensaiam
e têm as dicas de João. Ele recebe grupos de samba, punk, rap, forró e até música gospel
e diz: “não importa o ritmo que eles tocam, o melhor é ver esses jovens
correndo atrás da cultura e não da criminalidade”.
Os músicos melhoram o que precisam
e quando estão “no ponto” é gravado um CD com toda a qualidade
de estúdio. Recebem a cópia para irem atrás de seus sonhos.
O festival das novas bandas – No dia 31 de outubro a subprefeitura junto com a rádio Metropolitana realizaram um festival no próprio bairro, com as bandas da região. Souza trouxe apoio da guarda municipal oferecendo segurança a quem fosse assistir aos novos talentos. Tinha até um camarim com muita comida e água, o dia foi muito ensolarado e o termômetro apontava 33º.
A banda Sanar é uma delas, cujos integrantes são: Bruno Maia, 20 anos, Edenildo Veríssimo, 27, Hudson Freitas, 21, Yoni Bezerra, 20 e Rafael Tas, 23. O conjunto existe há 3 e o produtor Renato Sabóia diz que no começo sem esse apoio era muito difícil, precisam de mais, com esses festivais eles têm oportunidade de mostrarem seus talentos e quem sabe terem
mais fãs. “Esse tipo de ação é bom porque valoriza o bairro e influencia os mais jovens a investirem na cultura e não no mundo das drogas. Já tivemos shows parecidos com esse e nunca teve bagunça ou grandes ocorrências, isso mostra que a comunidade aprova”, diz Freitas. Os rapazes
ainda não gravaram no estúdio do CCJ, estão agendando horário junto com o produtor.
A Sanar tem projetos assistenciais e foi convidada a fazer uma apresentação na entidade beneficente Casas André Luiz. “Minha família fez doação para esse grupo, demos colchões e pretendemos
junto com a banda ajudar mais, aprovamos
esse tipo de causa”, se emociona Freitas. O show será em dezembro, mas ainda não foi marcado o dia.
Por Priscila Gomes

A evolução da decoração no Brasil

A busca pela simplicidade e design arrojado aumentaram por conta da tecnologia


Quando falamos de evolução em decoração lembramos de tecnologia, facilidade e design arrojado, tudo de forma rápida visto que, a cada momento o homem procura novas idéias para satisfazer suas necessidades. E quem busca evolução também busca inovação. Arquitetos renomados inspiram-se em conceitos de épocas passadas, mas com um toque de modernidade e sofisticação que se exige atualmente.
No Brasil as primeiras notícias sobre decoração e arte, foram em meados do século XVI ano de 1598. Quando Capitão-Mor Feliciano Coelho, conheceu o sertão brasileiro, cujo tema dessas pinturas em pedras era o homem pescando, caçando entre outras atividades. Mas um pouco antes disso, em 1532, chegaram junto com as capitanias portuguesas, além do povo europeu, escravos, famílias nobres, africanos que sabiam lidar muito bem com o ferro na construção de armas e espadas. Nessa época por aqui já tinham os índios que sabiam fazer seus pratos, talheres, pentes, machados, seus vasos, entre outros utensílios. Nessa mistura de pessoas com culturas diferentes e de várias partes do mundo, é que o Brasil teve sua história da decoração e artesanato, miscigenada e enriquecida.
Os índios contribuíram muito para a arte e a decoração, pois desde o início da colonização, eles já moldavam vasos e decoravam com figuras geométricas, faziam também suas igaçabas, o que chamamos de caixão. Esses eram pintados com desenhos de bichos. As grandes tradições indígenas que podemos destacar são: Marajó, como conhecemos Marajoara, onde Victor Brecheret (escultor modernista), se inspirou para fazer uma coleção. Tem a Cunani e Manacá que era mais localizada no Estado do Amapá. Nessas os indígenas faziam suas cerâmicas em barro cozido e dificilmente as repetiam. Os europeus olhavam essas pinturas e achavam que não passavam de brincadeiras.
Já no século XX, vendo as fotografias ou revistas dos anos 50, observamos que os móveis da sala eram feitos de modo que a televisão era colocada num local privilegiado. Nas paredes da sala eram muito usadas grandes pedras brutas, ou até feitas em forma de mosaicos, forte tendência na época. O rádio possuía o tamanho de uma pequena cômoda.
Nos anos 70, se usavam muitas cortinas de grandes estampas com formas arredondadas, figuras geométricas, com cores em laranjas, marrons e amarelas. Começavam a usar o acrílico e plástico.
Nos anos 80, o que era forte na decoração, eram as formas geométricas e grandes luminárias, as enormes pedras na sala foram substituídas por outras técnicas de texturas.
Já na década de 90, o forte da decoração é uso de pouca luminosidade, paredes off - white, bege ou brancas e sofás coloridos com mantas jogadas por cima.
Nos anos 2000, cores pastéis, madeira, bambu, palha, pedra. O que mais vemos são arquitetos buscando a arte de antigos povos, como indígenas, trazendo todas as características raízes para uma decoração com traços da antiguidade, mas com sofisticação. Nas paredes, outros tipos de revestimentos de pedras para a parede da sala. Mas agora elas são cortadas em tamanho menor, estilo pastilhas ou cubo, com pouca argamassa.
Em pleno século XXI as pessoas buscam simplicidade nas decorações. As preferências são para paredes rústicas como pequenas pedras ou texturas ao invés de chapiscar, lixar e pintar. Antes os pequenos detalhes dos desenhos de azulejos ou pisos, faziam a diferença, nas lojas não são mais vistos. Os que tomaram conta das prateleiras são os de cores neutras e lisos.
Em 2010, vemos que o novo pode conviver com o antigo, as grandes estantes deram espaço para as grandes telas de LCD. Os racks são de madeira maciça, baixos e largos. Pedras, peças de bambu trançados e utensílios de ferro, como anos atrás, são utilizados na sala, dando um toque rústico e sofisticado. Hoje são os móveis que se adaptam a tecnologia, em harmonia com o moderno, mas resgatando conceitos.


Por Priscila Gomes

Os rumos do artesanato

O artesão ganha cada vez mais espaço no Brasil e também consumidores mais exigentes

O artesanato começou pelos primitivos, lá eles já poliam materiais rústicos para fazer lanças ou espadas, teciam suas roupas com fibras de animais e plantas. Mas essa arte produzida nesse tempo, era somente para utilidade em geral.

Os índios sempre foram e até hoje são grandes artesãos, não há como falar de decoração e artesanato e não citar a cultura indígena. Pois eles mesmos fabricam seus colares, brincos, chinelos, tangas, cocares, seus pigmentos naturais, cestas e outros utensílios. Até mesmo seus instrumentos musicais os indígenas faziam, como tambores e chocalhos, utilizando chifres cabaças de cocos, couro de animais e palhas.

A cerâmica é uma matéria-prima muito encontrada no Brasil, pela facilidade da extração do material, o barro. Na região do nordeste são feitos personagens que lembram as características das pessoas que moram por lá, como vendedores, cangaceiros e músicos.

A madeira é outro material muito utilizado para fabricação de bonecos, instrumentos musicais, armas, móveis e outros utensílios, como a própria carroça e o pilão para moer sementes.

E, é também na região nordeste que encontramos o artesanato em renda, feito pelas rendeiras. No qual elas tecem toalhas, roupas e enfeites.

Os índios deixaram uma grande herança de técnicas artesanais, eles ensinaram a trançar cestas, esteiras, balaios, chapéus e peneiras.

Com o passar dos anos, os artesãos foram utilizando novos elementos para a construção de suas obras, como plásticos, papelão e papel mache, na qual se reutiliza papel reciclado, para realização de trabalhos. Existe também a arte de marcheteria, em que o artista Embuti materiais sob o piso ou teto ornamentando superfícies planas, usando metais, madeiras e outros.

O artesanato brasileiro traz artes antigas de outros países como a cultura chinesa, trabalhando com o origami, que é dobradura de papéis sem usar a tesoura. Diferente do kirigami no qual se corta o papel.

Nas bijuterias são usadas pedrarias, metais, retalhos de pano, penas, espinhas de peixes, coco, sementes e até ou a imaginação deixar.

No mundo do artesanato encontramos materiais infinitos para trabalhar como velas, sabonetes, biscuits e a reciclagem. No qual numa cidade grande é muito importante trabalhar com elementos reutilizados, poupando o meio ambiente.

A artesã Luciana Areias, diz sua inspiração vem além de pesquisas pela internet, visitas a ateliers, lojas de tecidos, mas também em tempos passados, como a década de 70. Segundo Luciana esses anos trazem vestidos de poás, saias rodadas, toalhinhas de crochê além das louças pintadas.

A artesã Luciana Areias, acrescenta: “O artesanato tomou outros rumos, como por exemplo, de terapia ocupacional. Onde muitas pessoas com problemas sentimentais acharam no artesanato a saída para lidar com as fraquezas, presentear e até aumentar a renda familiar.”

Outros caminhos foram dados para o artesanato, ganhando espaço para a preservação do meio ambiente, no qual os artesãos buscam cada vez mais soluções para amenizar os danos causados pelo próprio homem, que não cuida da natureza nem de onde vive. Luciana acrescenta que muitas empresas dão valor a essa arte, trocando brindes comerciais por peças artesanais.

O artesanato no Brasil ganha cada vez mais espaço, minha inspiração não vem de tempos antigos e sim de materiais atuais. Devido à grande variedade, o consumidor está mais exigente, buscando peças sofisticadas e com acabamento melhor”, conta a artesã Priscilla Moreira.

Conhecendo a cultura miscigenada brasileira, pode-se entender o porquê do artesanato ter tanta identidade e semelhança com este povo. A variedade de matérias primas faz com que a arte aqui seja diversificada e com a economia oscilante é possível se manter através do artesanato, vendendo peças simples, com material mais acessível e as mais sofisticadas, com elementos de maior valor.



Por Priscila Gomes