terça-feira, 3 de agosto de 2010

Hip Hop: mais que ritmo e poesia


Rapper leva a música e suas influências desde CCJ’s à Fundação Casa


Gildean Silva mais conhecido como “Panikinho”, é formado em pedagogia, ativista, integrante do grupo de rap Fator Ético e atualmente trabalha como educador social popular. Junto com a Ação Educativa, que é uma organização fundada com a missão de promover os direitos educativos e da juventude,
coordena um projeto que intervenciona
com arte e cultura na Fundação Casa (antiga FEBEM) e dentre as várias modalidades que trabalham, oferecem oficinas de dança de rua, literatura periférica
e grafite. “Quem canta rap já é um jornalista orgânico que transmite mensagens,
socializa dores, amores, desejos e sonhos. E o hip hop é o maior fenômeno do século 20 eu não tenho dúvidas”, diz Panikinho.
Os responsáveis do colégio particular Escola Viva, localizado na zona sul, tinham
um projeto de pesquisa sobre troca de experiências. Por já conhecerem Panikinho,
o convidaram para fazer: levá-los até um CCJ e conhecerem alunos de rede pública e passarem um dia vivenciando problemas do cotidiano.
A troca de experiências - Panikinho, que é morador da Cidade Tiradentes, proporcionou
uma visita ao CCJ no dia 21 de outubro, e deu uma aula sobre a história da música negra, suas influências e transformações
que sofreu durante o século, população negra no mundo e preconceitos.
Os alunos da Escola Viva passaram o dia com estudantes da rede pública, que frequentam o CCJ todos os dias, sendo uma extensão escolar. Lá eles tem aula de cidadania, grafite, português, inglês, teatro, capoeira, DJ e podem usufruir do estúdio de gravação. Quando Panikinho
terminou sua explicação sobre música, um dos alunos da Escola Viva se interessou em cantar um rap, todos o aplaudiram. “O professor desse rapaz me chamou e disse que ele tem um sério problema
com timidez e os colegas viviam zombando dele. Depois que começou a cantar rap, sua rede de amigos aumentou e está vencendo o nervosismo até mesmo na hora de apresentar trabalhos”, diz orgulhoso
Panikinho.
Panikinho e os professores do CCJ garantiram que com essa troca eles aprendem muito. A próxima visita será dos alunos do centro cultural à Escola Viva, o dia não está agendado ainda, mas vai ser em breve.
As mudanças - Quem dá aulas de DJ é Douglas dos Santos e diz sobre o projeto
CCJ “Moro aqui na Cidade Tiradentes
e antes as pessoas falavam que nesse bairro as pessoas só vinham para dormir, ninguém curtia ficar por aqui. Depois desses projetos e com esses shows, a criminalidade
baixou muito.” Cleber Felipe 22 anos, sempre gostou de música, frequenta
o Centro Cultural desde a inauguração.
Antes ele só cantava, depois que começou a fazer aulas de DJ, já toca e faz shows com seu professor. Se apresentam
como DJ Mix e Mc Cobrão todos os finais de semana.
O professor de cidadania Wellington José diz que quando a prefeitura cortou a bolsa de R$60,00 ficou com medo dos alunos desistirem, pois para quem mora na periferia iria fazer muita falta. “Nas minhas aulas faço de tudo pra conscientizá-los de que aquele auxílio era apenas um valor simbólico para a bagagem que irão levar daqui. Sentimos que o número de desistências devido a isso foi quase zero, pois eles precisavam de uma atividade extra”, completa José. “Tem alunos que chegam da escola almoçam aqui mesmo e fazem atividade o dia inteiro”, diz Santos.

Por Priscila Gomes

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