terça-feira, 3 de agosto de 2010

Música: esperança social



Centros Culturais da Juventude oferecem oportunidade de jovens carentes se tornarem músicos


Quem chega ao bairro Cidade Tiradentes,
zona leste da capital, em frente ao segundo terminal, já escuta o som que é uma mistura de funk com dance, um pouco confuso. O barulho
vem de uma casa azul pintada com grafites e convida a entrar quem passa em frente. Parece uma festa, mas lá dentro o que se vê são jovens, aprendendo a tocar
numa pick-up de DJ. Todos estão em silêncio assistindo a apresentação de um colega. Que ao descer do pequeno palco, indo bem ou não, a plateia aplaude incentivando.
Esse é o Centro Cultural da Juventude conhecido como CCJ.
O CCJ foi inaugurado em abril deste ano, com o objetivo de inicialmente oferecer
atividades relacionadas à aulas extras,
para os jovens de 12 a 18 anos, junto com uma bolsa auxílio de R$ 60,00. João Carllos, músico, produtor e morador do bairro, percebeu que muitos adolescentes tinham bandas, porém faltavam oportunidade
e espaço para ensaiarem. João resolveu ir até a subprefeitura conversar com o secretário Oziel Souza e lançar a pergunta: como podemos ajudar esses adolescentes e fazer com que eles se sintam
importantes para o bairro e para a sociedade,
fazendo música? João e Souza deram a ideia para o setor responsável pela cultura e pediram verba para comprarem
os equipamentos. Foi montado então um pequeno estúdio de gravação para que as bandas da região pudessem ensaiar. João afirma emocionado e contente:
“nosso espaço é simples, mas tem os melhores equipamentos, esses garotos só precisam de uma força, pois incentivo estamos dando”.
Depois da inauguração do espaço, a procura começou a ser maior do que o esperado. O produtor percebeu então que a faixa etária de idade onde era de 12 a 18 anos para usar o estúdio não importava mais. Todos os sábados e domingos durante o dia inteiro os garotos tocam
no CCJ. As bandas da região se inscrevem no próprio centro, ensaiam
e têm as dicas de João. Ele recebe grupos de samba, punk, rap, forró e até música gospel
e diz: “não importa o ritmo que eles tocam, o melhor é ver esses jovens
correndo atrás da cultura e não da criminalidade”.
Os músicos melhoram o que precisam
e quando estão “no ponto” é gravado um CD com toda a qualidade
de estúdio. Recebem a cópia para irem atrás de seus sonhos.
O festival das novas bandas – No dia 31 de outubro a subprefeitura junto com a rádio Metropolitana realizaram um festival no próprio bairro, com as bandas da região. Souza trouxe apoio da guarda municipal oferecendo segurança a quem fosse assistir aos novos talentos. Tinha até um camarim com muita comida e água, o dia foi muito ensolarado e o termômetro apontava 33º.
A banda Sanar é uma delas, cujos integrantes são: Bruno Maia, 20 anos, Edenildo Veríssimo, 27, Hudson Freitas, 21, Yoni Bezerra, 20 e Rafael Tas, 23. O conjunto existe há 3 e o produtor Renato Sabóia diz que no começo sem esse apoio era muito difícil, precisam de mais, com esses festivais eles têm oportunidade de mostrarem seus talentos e quem sabe terem
mais fãs. “Esse tipo de ação é bom porque valoriza o bairro e influencia os mais jovens a investirem na cultura e não no mundo das drogas. Já tivemos shows parecidos com esse e nunca teve bagunça ou grandes ocorrências, isso mostra que a comunidade aprova”, diz Freitas. Os rapazes
ainda não gravaram no estúdio do CCJ, estão agendando horário junto com o produtor.
A Sanar tem projetos assistenciais e foi convidada a fazer uma apresentação na entidade beneficente Casas André Luiz. “Minha família fez doação para esse grupo, demos colchões e pretendemos
junto com a banda ajudar mais, aprovamos
esse tipo de causa”, se emociona Freitas. O show será em dezembro, mas ainda não foi marcado o dia.
Por Priscila Gomes

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