
Centros Culturais da Juventude oferecem oportunidade de jovens carentes se tornarem músicos
Quem chega ao bairro Cidade Tiradentes,
zona leste da capital, em frente ao segundo terminal, já escuta o som que é uma mistura de funk com dance, um pouco confuso. O barulho
vem de uma casa azul pintada com grafites e convida a entrar quem passa em frente. Parece uma festa, mas lá dentro o que se vê são jovens, aprendendo a tocar
numa pick-up de DJ. Todos estão em silêncio assistindo a apresentação de um colega. Que ao descer do pequeno palco, indo bem ou não, a plateia aplaude incentivando.
Esse é o Centro Cultural da Juventude conhecido como CCJ.
O CCJ foi inaugurado em abril deste ano, com o objetivo de inicialmente oferecer
atividades relacionadas à aulas extras,
para os jovens de 12 a 18 anos, junto com uma bolsa auxílio de R$ 60,00. João Carllos, músico, produtor e morador do bairro, percebeu que muitos adolescentes tinham bandas, porém faltavam oportunidade
e espaço para ensaiarem. João resolveu ir até a subprefeitura conversar com o secretário Oziel Souza e lançar a pergunta: como podemos ajudar esses adolescentes e fazer com que eles se sintam
importantes para o bairro e para a sociedade,
fazendo música? João e Souza deram a ideia para o setor responsável pela cultura e pediram verba para comprarem
os equipamentos. Foi montado então um pequeno estúdio de gravação para que as bandas da região pudessem ensaiar. João afirma emocionado e contente:
“nosso espaço é simples, mas tem os melhores equipamentos, esses garotos só precisam de uma força, pois incentivo estamos dando”.
Depois da inauguração do espaço, a procura começou a ser maior do que o esperado. O produtor percebeu então que a faixa etária de idade onde era de 12 a 18 anos para usar o estúdio não importava mais. Todos os sábados e domingos durante o dia inteiro os garotos tocam
no CCJ. As bandas da região se inscrevem no próprio centro, ensaiam
e têm as dicas de João. Ele recebe grupos de samba, punk, rap, forró e até música gospel
e diz: “não importa o ritmo que eles tocam, o melhor é ver esses jovens
correndo atrás da cultura e não da criminalidade”.
Os músicos melhoram o que precisam
e quando estão “no ponto” é gravado um CD com toda a qualidade
de estúdio. Recebem a cópia para irem atrás de seus sonhos.
O festival das novas bandas – No dia 31 de outubro a subprefeitura junto com a rádio Metropolitana realizaram um festival no próprio bairro, com as bandas da região. Souza trouxe apoio da guarda municipal oferecendo segurança a quem fosse assistir aos novos talentos. Tinha até um camarim com muita comida e água, o dia foi muito ensolarado e o termômetro apontava 33º.
A banda Sanar é uma delas, cujos integrantes são: Bruno Maia, 20 anos, Edenildo Veríssimo, 27, Hudson Freitas, 21, Yoni Bezerra, 20 e Rafael Tas, 23. O conjunto existe há 3 e o produtor Renato Sabóia diz que no começo sem esse apoio era muito difícil, precisam de mais, com esses festivais eles têm oportunidade de mostrarem seus talentos e quem sabe terem
mais fãs. “Esse tipo de ação é bom porque valoriza o bairro e influencia os mais jovens a investirem na cultura e não no mundo das drogas. Já tivemos shows parecidos com esse e nunca teve bagunça ou grandes ocorrências, isso mostra que a comunidade aprova”, diz Freitas. Os rapazes
ainda não gravaram no estúdio do CCJ, estão agendando horário junto com o produtor.
A Sanar tem projetos assistenciais e foi convidada a fazer uma apresentação na entidade beneficente Casas André Luiz. “Minha família fez doação para esse grupo, demos colchões e pretendemos
junto com a banda ajudar mais, aprovamos
esse tipo de causa”, se emociona Freitas. O show será em dezembro, mas ainda não foi marcado o dia.
Por Priscila Gomes
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